Tudo
indica que o governador do Maranhão continua tendo dificuldade de se comunicar
com os índios. Talvez tenha assessorias pouco qualificadas. Algumas lideranças
indígenas presentes ao discurso do executivo estadual, hoje, em Jenipapo dos
Vieiras, encaminharam-me um áudio contendo trechos da fala dirigida aos índios
acolá presentes. Uma parte me chamou a atenção. Ele cita um sequestro de uma
funcionária de 50 anos na sua missão de entregar merenda escolar a uma escola. O governador se omite em explicar
a causa do ocorrido. Parece desconhecer as falcatruas que os diretores das
escolas estaduais encarregados na aquisição e prestação de contas da merenda
escolar cometem rotineiramente. É só perguntar aos seus advogados que
acompanham as inúmeras denúncias para saber o tamanho das falcatruas.
Não se
nega, aqui, que não haja havido cumplicidade com alguns espertinhos indígenas,
e em conluio com comerciantes locais! Trata-se, isso sim, de utilizar um pouco
mais de honestidade e de autocrítica em admitir, também, as inúmeras falhas
governamentais no trato com seletivos, transporte escolar, merenda escolar,
material didático, formação continuada para os quase 900 professores, etc. Não
é conveniente nem política, nem didaticamente atacar o conjunto do corpo
docente indígenas, suas escolas e organizações repetindo a mesma ‘anedota’ do
sequestro simbólico da funcionária, diga-se de passagem, ocorrido 2 anos atrás,
e ampliando-a ao infinito para todas as 280 escolas indígenas do Estado do
Maranhão.
Não
é conveniente, prezado governador, utilizar ‘justificativas legais’ para a não
realização do seletivo em tempos hábeis, não como agora, em abril! Todo
ano é a mesma cacofonia. Se a atual lei que normatiza a realização de seletivos
para aprovação e contratação de professores em escolas indígenas e/ou
quilombolas é inadequada, que se mude a lei! O senhor governador tem maioria na
assembleia e proceda para que se faça uma lei que dê segurança UMA VEZ POR
TODAS aos profissionais e aos alunos indígenas. Havia escolas indígenas que,
apesar desses atrasos, ao chegar o período escolar começavam as aulas, mesmo
recebendo seus salários super atrasados. Agora não mais, pois não têm garantia
alguma de que serão confirmados ou contratados e, consequentemente, de serem
indenizados pelas aulas que deram no momento adequado.
Enfim, o que não pode mais existir, senhor governador, é:
1. Que se façam seletivos em abril por questões legais, sem adaptar legalmente os prazos. Ou, pior, realizar seletivos parciais em setembro, como ocorreu no ano passado, mudando as regras do jogo durante o partido!
Enfim, o que não pode mais existir, senhor governador, é:
1. Que se façam seletivos em abril por questões legais, sem adaptar legalmente os prazos. Ou, pior, realizar seletivos parciais em setembro, como ocorreu no ano passado, mudando as regras do jogo durante o partido!
2. Que se prometa a construção e/ou reforma de 93 escolas indígenas ao longo de quatro anos, e não ver depois de dois anos e meio sequer a manutenção ordinária daquelas escolas indígenas que são ou que poderiam ser referência no Estado.
3. Que a distribuição da merenda escolar continue sofrendo desvios e superfaturamentos por causa da irresponsabilidade de diretores de escolas estaduais encarregados formalmente para isso, e que acabam fatalmente comprando a cumplicidade de comerciantes locais e de alguns índios.
4. Que se publique em twitter governamental que ' agora sim a merenda escolar indígena está em dia...' mas que se ignore que somente em 6 escolas indígenas existem cantinas, cozinhas mínimas e espécie de refeitórios aparelhados. Nas demais 280 escolas indígenas a merenda, quando entregue, é distribuída no mesmo dia para as famílias, pois não tem onde guardá-la ou prepará-la.
Só isso, por enquanto! Esqueci, governador: não pegue isso como ataque pessoal, mas como contribuição para o senhor acertar..